Discutir os espaços ocupados pelas juventudes de maneira qualificada atentando para a necessidades e direitos que impactam sua existência faz parte das ações desenvolvidas pelo GT da Juventudes em parceria com outros grupos de atuação campesina nos últimos meses. A intensificação da participação política das juventudes neste período é, principalmente, conseguir impulsionar o debate sobre questões limitadoras e proporcionar soluções que garantam a permanência no campo, o direito à terra e a efetivação da agroecologia como modelo de produção que respeita e conserva o meio ambiente.
No período eleitoral, o envolvimento das juventudes na cobrança de ações efetivas, dos candidatos e candidatas aos cargos públicos, voltadas para a garantias de suas necessidades enquanto juventudes campesinas culminou com a assinatura da carta-compromisso em setembro – a campanha de mobilização Agroecologia nas Eleições 2022. A proposta foi coordenada pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) para debater e ponderar a existência de um caminho para a construção e o fortalecimento das políticas públicas de futuro, dando o devido valor à agricultura familiar camponesa, valorizando também os povos e comunidades tradicionais.
O envolvimento do GT das Juventudes neste processo marcou o protagonismo dessas e desses jovens na construção de suas realidades. “O alinhamento do representante político com os ideais defendidos pela juventude é o papel mais importante na construção de uma sociedade melhor” pontua Marcio Lima, de 22 anos, do povoado Juverlândia – Sítio Novo (TO).
No decorrer do ano, as juventudes puderam participar de capacitações e articulações que fortaleceram a perspectiva sobre os espaços políticos que são propiciados para lutar por direitos. Foi em busca desta amplitude, que houve a construção coletiva de uma carta aberta à sociedade como processo resultado do 4° Encontro Regional das Juventudes Rurais do Bico do Papagaio, momento em que as juventudes expressaram o compromisso com a valorização da vida, repudiando a violência e discutindo assuntos como racismo, degradação ambiental e segurança alimentar.
Tanto a carta-compromisso quanto a carta aberta foram apresentadas e assinadas por candidatas e candidatos que se dispuseram a garantir eficiência no debate sobre desenvolvimento de política públicas específicas.
A consolidação do protagonismo das juventudes, por meio da carta aberta à sociedade, destacou que as juventudes no Bico do Papagaio precisam estar presente nas pautas políticas e sociais, é o que destacou Camila Ferreira, de 19 anos, moradora de Sítio Novo (TO). “É importante cobrarmos de perto aquele que está vendo nossa realidade, para quando de fato legislar, vamos saber quais pautas devemos cobrar para uma sociedade justa e igualitária” disse, acrescentando a importância de ter um representante que esteja alinhado com os projetos da juventude.
As juventudes do campo da região do Bico do Papagaio estão fortalecidas e dispostas a continuar semeando resistência, a serviço da vida para escolher o futuro do Brasil, como reafirmam neste trecho da carta: “Como jovens, defendemos e nos dispomos a contribuir para um diálogo construtivo entre as gerações. Sonhamos com uma sociedade onde reinem a justiça e o direito para todas e todos. Esta é a condição para uma paz verdadeira”.