A última semana do mês de agosto foi marcada por uma ação realizada nas comunidades rurais e na cidade por meio da ‘Semana Agroecológica’, em que reuniu organizações e movimentos sociais que compõem a Articulação Tocantinense de Agroecologia (ATA) e a Rede Bico Agroecológico.
Uma das principais ações realizadas durante o evento foi a entrega de kits de higiene e cestas básicas, atividade articulada por organizações que trabalham diretamente com as camponesas, agricultores, quebradeiras de coco, quilombolas e povos indígenas. A ação de solidariedade estão ocorrendo em toda as regiões do estado por meio da ATA, e especificamente, na região do Bico pela Rede Bico Agroecológico contribuindo com as famílias do campo e da cidade vulneráveis neste período de pandemia.
O estado do Tocantins desde o início confirmou quase 50 mil casos de Covid-19, de acordo com o site ‘Coronavírus Brasil’. Atualmente o estado permanece na zona vermelha de contaminação. E, mesmo com o afrouxamento das medidas de isolamento, as organizações envolvidas propagam que a pandemia ainda não acabou! E para relembrar desse assunto e conscientizar centenas de famílias agricultoras e da cidade, as organizações entregaram não só as cestas básicas, mas também kits de higiene.
Ações de solidariedade na região do Bico do Papagaio
Durante todo o mês de julho e agosto foram entregues 747 kits de higiene, 400 doados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e 347 organizados pela APA-TO e a Rede Bico Agroecológico, com o apoio da MISEREOR, IAF e Instituto Dominicano de Justiça e Paz no Brasil.
720 litros de sabão líquido e 1041 máscaras, produzidas pelas quebradeiras de coco e camponesas, foram organizadas dentro dos kits produzidos pela APA-TO. 29 comunidades rurais de 13 municípios (Esperantina, Buriti, Praia Norte, Augustinópolis, Carrasco Bonito, Axixá, Sítio Novo, São Miguel, São Bento, Tocantinópolis, Araguatins, Sampaio e São Sebastião) puderam receber os kits.
Quilombolas, acampados, povos indígenas Apinajés, assentados, pequenos proprietários, quebradeiras de coco e famílias das cidades foram beneficiadas com os kits, totalizando 2988 pessoas das 747 famílias. Dessa forma, vale ressaltar que os camponeses e camponesas têm feito atos de solidariedade em meio à pandemia.
Durante a Semana Agroecológica, uma live foi realizada com povos e comunidades tradicionais e camponeses. Maria do Socorro, quebradeira de coco e coordenadora geral da ASMUBIP, expressou as lutas diárias dos camponeses e explicou as necessidades existentes neste momento de pandemia.
“A solução que nós encontramos na região do Tocantins no combate as grandes empresas do agronegócio, e o projeto MATOPIBA (que é tudo a mesma coisa) é a agroecologia. Produzimos e levamos para o mercado e dissemos esse aqui é o verdadeiro produto que tem segurança e que pode se alimentar com firmeza que não tem agrotóxico. Além da agroecologia produzida sem veneno que sustenta uma coisa com segurança é o meu pé de caju lá da minha roça, é o meu pé de manga, é as minhas palmeiras e os ovos que as minhas galinhas botam. Isso sim é segurança alimentar”.
Segundo ela, segurança alimentar é continuar nessa linha de produção agroecológica. “Continuar a mostrar os nossos produtos agroecológicos para que todo o pessoal que consumir o nosso produto, sentir que o nosso produto é saudável. Embora seja pouquinho, mas é do pouquinho que se vai ao grande. Para o pessoal saber que é outro gosto. Eu não coloco veneno na minha terra por isso meu açude é limpo. Isso sim é saudável e sustentável”, finaliza Maria.
A Maria do Socorro, relembrou sua participação na Semana Agroecológica e afirma ainda que o momento foi importante porque ela pôde apresentar os trabalhos desenvolvidos pela agricultura familiar, quebradeiras de coco e demais camponeses.
“As contribuições nossas com a APA-TO e também com a ATA e Rede Bico Agroecológico, melhora as nossas atividades. Esses produtos entregues às famílias vêm de origem extrativista e também da agroecologia. É muito importante a gente distribuir cestas de alimentos, são atos de prevenção, pois evita formas de contágio do coronavírus. Por isso preferimos produzir e entregar cestas com os produtos agroecológico”.
O Antônio Barbosa, presidente da ASBB do Projeto de Assentamento Ouro Verde, deixa um recado: “As cestas têm comida, mas também segue um kit de higiene com sabão feito com babaçu e três máscaras, além do álcool gel e água sanitária. Nós não estamos sozinhos. Estamos juntos e unidos no combate a pandemia”.