A Casa de Polpa Fruta Nova é a primeira agroindústria de base comunitária, na região do Bico do Papagaio, a obter registro junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária. O projeto visa aproveitar as frutas do cerrado e da Amazônia e promover a conservação da biodiversidade.
Por Geíne Medrado
A Casa de Polpa Fruta Nova, da Associação dos Pequenos Lavradores do Projeto de Assentamento Ouro Verde do Setor Barro Branco (ASBB), no município de Araguatins-TO, é a primeira agroindústria de base comunitária da Região do Bico do Papagaio, a obter registo de estabelecimento junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). O registro foi obtido no dia 05/02/2024.
A casa de polpas funciona desde 2017 e é gerida pelos agricultores e agricultoras camponeses do assentamento Ouro Verde, em Araguatins-TO. O projeto nasceu da ideia de aproveitar as frutas do cerrado e da Amazônia, com o intuito de evitar a perda da produção e promover a conservação da biodiversidade. As frutas vêm do trabalho de sistemas agroflorestais e coleta de frutas nativas dentro do assentamento.
A agroindústria produz uma diversidade de sabores de polpas de frutas como abacaxi, açaí, acerola, cajá, caju, cupuaçu, buriti, goiaba, manga, maracujá, murici, tamarindo, jamelão, bacuri, laranja, bacaba, limão, entre outras.
Com a agroindústria registrada pelo MAPA amplia-se as possibilidades para a associação comercializar os produtos para mercados formais, além de ser um incentivo para a conservação da sociobiodiversidade, como destaca o presidente da Associação dos Pequenos Lavradores do Projeto de Assentamento Ouro Verde do Setor Barro Branco (ASBB), Antônio Barbosa da Silva.
“O registro da casa de polpa além de ser a realização do sonho da comunidade em ter seu produto regularizado, abre portas para o mercado institucional. Isso com certeza irá incentivar nossa comunidade e as comunidades vizinhas a plantar mais e preservar as árvores nativas que dão frutos usados para fazer polpa”, disse Antônio.
A ASBB integra a Rede Bico Agroecológica, formada por organizações da sociedade civil que desenvolvem ações de fortalecimento da agricultura agroecológica e a valorização da biodiversidade local.
A conquista do registro no MAPA é fruto de uma longa caminhada da comunidade junto às organizações parceiras.
Com o registro obtido, o próximo passo é a associação registrar os sabores das polpas produzidas.
Histórico
O projeto de construção da casa de polpas da ASBB contou com assessoria técnica da ONG Alternativa para a Pequena Agricultura no Tocantins (APA-TO) desde a construção da unidade de beneficiamento até o registro no MAPA. A conquista foi possível por meio da execução de um conjunto de projetos da Associação e da APA-TO, trabalhado em parceria.
Um dos editais que possibilitaram a construção da casa de polpas se deu ainda em 2013, por meio do projeto do PPP-ECOS, com recursos do Fundo Amazônia. O objetivo do projeto era de reduzir o desperdício de frutas nativas e incentivar o plantio de frutas cultivadas, além de incentivar a autogestão de projetos pela associação e a discussão de produção agroecológica.
Em 2015 houve a execução de um segundo projeto, este destinado a construção de um local mais adequado para a produção de polpa, e em 2019, por meio de um terceiro projeto, a associação começou o processo de adequação da agroindústria para o registro do MAPA.
Para a assessora técnica da APA-TO Yuki Ishii a casa de polpa é uma conquista que abre a possibilidade de gerar renda concreta para as famílias do assentamento Ouro Verde, além de possibilitar a conservação da sociobiodiversidade e ampliar as oportunidades de comercialização dos produtos no mercado.
“A conquista do registro da casa de polpas mostra que é possível uma unidade de beneficiamento ser registrada pelo MAPA, pois ainda é um grande desafio para os empreendimentos comunitários da agricultura familiar conseguirem esse registro”, reforçou Yuki.