Com um público de 140 pessoas, o 4° Encontro das Juventudes Rurais da Região do Bico do Papagaio foi marcado por reflexões e troca de experiências entre filhas e filhos dos territórios tradicionais e comunidades rurais dos biomas Cerrado e Amazônia. Foram 4 dias de imersão em temáticas que perpassam o cotidiano e a realidade das juventudes, com ênfase nas mudanças climáticas atreladas à expansão do agronegócio que destrói o meio ambiente e como a agroecologia pode ser uma ferramenta de combate e resistência.
As oficinas e mesas, além da vivência, ofereceram arcabouço para identificar questões sociais que são consequências do abandono político que as comunidades rurais enfrentam nos últimos anos. “Às diversas discussões e rodas de conversas tornaram-se elementos fundamentais para despertar nas juventudes rurais reflexões sobre o cenário agroecológico, de gênero e diversidade sexual, racial, cultural e territorial. Causando nas juventudes o acordar para sua função e protagonismo em meio às mudanças e os impactos causados por a destruição do capitalismo, principalmente com o avanço do agronegócio que invade e aniquila as comunidades rurais”, Márcio Lima de Freitas, membro do GT das Juventudes do Bico.
Por meio da construção coletiva de uma carta aberta à sociedade, as juventudes reafirmaram o compromisso com a valorização da vida. Em um trecho da carta foi destacado “Nós juventudes rurais do Bico do Papagaio, repudiamos toda forma de opressão, violência e lgbtfobia”. Assuntos como racismo, degradação ambiental e segurança alimentar também compõem o posicionamento das juventudes rurais e foram expressos.
A carta à sociedade foi a ferramenta escolhida como forma de marcar o protagonismo das juventudes diante de questões que impactam o presente e futuro das gerações. “A carta aberta a sociedade lançado pelas juventudes do campo é relevante porque apresenta o seu posicionamento sobre a atual realidade brasileira e, especialmente, do campo e sua reafirmação de se manterem firmes na luta por mudanças estruturais na sociedade, mudanças estas fundamentais, não só para as juventudes do campo como para toda a sociedade. Mostra também que a juventude sabe o que quer, que participa e que está organizada”, ressalta Selma Yuki Ishii, assessora técnica da APA-TO.
Em outro trecho da carta, as juventudes do campo da região do Bico do Papagaio, do Maranhão e do Pará, falam sobre como estão fortalecidos e dispostos a continuar semeando resistência, a serviço da vida para escolher o futuro do Brasil. “Como jovens, defendemos e nos dispomos a contribuir para um diálogo construtivo entre as gerações. Sonhamos com uma sociedade onde reinem a justiça e o direito para todas e todos. Esta é a condição para uma paz verdadeira”.
O evento foi coordenado e articulado pelo Grupo de Trabalho (GT) das Juventudes Rurais do Bico com apoio da APA-TO, sendo reconhecido por outras instituições. O coordenador da CPT Araguaia Tocantins, Xavier Plassat, afirmou que “o evento foi pedagogicamente interessante e a elaboração da carta retrata o essencial do que foi discutido no encontro: a agroecologia, em primeiro lugar, em seguida a revolta com as injustiças do mundo – identificando as causas -, além da reflexão sobre a ausência de políticas públicas efetivas”.
Leia a carta na íntegra: